segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Um mosaico de profundas marcas

Em um mosaico de gargantas sufocadas pela inquietude da incerteza encontrei meu nicho, sagrando-me maestrina de uma sinfonia muda em que a dor do incontido parece, enfim, subverter o lastro de calmaria em que minha alma se colocou.

Quero gritar mas não tenho fala.

Quero bradir incontáveis tropeços, mas a voz não se levanta, erigindo-me inconstante em meio caminho de inconstâncias, passo a passo com o desespero em que meu espírito se lançou apenas por querer viver o que não se viveu, querer abraçar o que não ocorreu, querer se perder em meio ao que, ao fim, sequer se percebeu.

Quero correr na direção dos afagos e abraços que nunca vi, do desconhecido que se me revela ainda mais misterioso.

Quero galgar cenários estáticos e superar as pasmaceiras, mas as pernas, trôpegas pelas vilanias de outros tempos, entranham-se no chão frio de um mármore indiferente ao meu sofrimento, uma lápide, em vida, de um segredo do devir fatal, selando o fim.

Quero os fins, quero interminantemente me deleitar nos fins.

Quero os finalmentes e temo as entrelinhas da constância que só existe para além de mim. Nada em mim permanece firme diante da impermanência que me faz chacoalhar os átomos. Temo o fim porque, existindo, pereço na efemeridade de mim sem saber se renascerei, robusta e firme, ao final da jornada que tanto me apavora.

Quero amar...nas marcas profundas de arremedos de tantas vivências que selaram meu destino rumo a este estado letárgico que me congela os ossos. Nada há de mais estático do que o medo de não caminhar: ele se mistura, numa explosiva miscelânea, com minha chama retumbando no peito, a centelha que insisto, como ninguém, em alimentar com minha natureza inefável...

Quero me lançar, mas os grilhões estão mais fortes do que a projeção rumo às estrelas desconhecidas. Prisioneira de minhas ilusões, estou amalgamada à fome e sede de me perder em meio ao sentimento tórrido que devassa cada ponto escondido da minha alma. Preciso depurar o sagrado inquieto que se escondeu de mim mesma, para ressurgir, cálida e plena, na ponderação da tranquilidade...

Tenho apenas - e que apenas - a perseverança em crer que sou, ao final, lançada no vasto continente de meus maiores atropelos e, a partir deles, acoberto-me com o véu da esperança em ter e crer...apenas...

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