domingo, 5 de dezembro de 2010

Os pés que morrem e liberam as estrelas

Os pés descalços sempre estão macerados pelos espinhos, mas dizem, o tempo inteiro, para o sábio homem que construía casas de tetos de estrelas, "esqueça de mim, estou morrendo, pois eis que desejo ser livre e flutuar". Esse foi o relato de um grande construtor, um poeta construtor que está aqui, compartilhando conosco, o que existe de mais belo dentro de seu coração, ou seja, apenas e grandiosamente ele mesmo, coração, vertido em prosa...

Ouvindo esse novo amigo cantar, penso em quanto já flutuei em meio à imensidão das casas que tentei construir dentro de mim. Umas caíram, desmoronando com o simples farfalhar da brisa e me lembrando, com isso, de apenas ser mais cuidadosa.

Outras, que sabe, sustentaram-se, por algum tempo, em certa pompa, mas, sob a ação de um tempo nem lá muito elongado, sucumbiram em meio à infiltração. Necessitava de mais zelo comigo...

Mas, em meio ao que todo mundo poderia pensar serem ruínas, eis que surgem os delicados tijolos dourados que, dispostos, um a um, sustentam uma casa ornada pela gratidão, pelo amor e, sobretudo, pela doação de minhas entranhas para a edificação de um palácio interno de pura felicidade descomprometida.

Eis um mistério...

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