quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O movimento do Universo e o caminho da Deusa que correr com lobos...

Ontem conversava com uma amiga muito próxima a respeito da movimentação atual de fechamento de ciclos em minha vida nesse Solstício auspicioso.

Falávamos sobre meus percalços em relação às escolhas que fiz ultimamente e cujos desenlaces impactaram-me bastante em virtude da minha boa-fé objetiva - pode-se assim dizer - em relação ao Outro, confiando no império da verdade e transparência - como nos tempos de batalhas - e insistindo, talvez, em lutar combates de frente quando, a bem da verdade, o que se mostra como oponente, além de se travestir de aliado, ainda espera a virada de costas para realizar a batalha desonrosa e eivada de indignidade.

Isso porque, tenho achado e experienciado - dentro do meu lugar de fala - relações que se assentam tendo como pano de fundo a assimetria entre os envolvidos, numa discrepância que reproduz, como usualmente vimos no campo de relações entre gêneros, a iniquidade do que o patriarcado sempre produziu em termos de desatino histórico, político, social e cultural em face da mulher, baseado, como não poderia deixar de ser, num desatino ainda maior, por envolver o nicho privado da relação íntima, o eixo primordial em que a fragilização pode ser empreendida.

Acho de uma ingenuidade falar em igualdade nas relações entre homens e mulheres quando ainda cintila a fagulha inconsciente da submissão, que se articula sob o manto de neutralidade axiológica.

O primeiro caminho possível passa pela redefinição do relacionamento, a partir da explicitação honesta do que ambos estão dispostos a fazer, bem como do que se efetivamente está fazendo, considerando as interações travadas em nível simbólico, quase sempre dimensionadas na manipulação, na mentira e na omissão, por parte dos "nobres" cavaleiros (nada têm de nobres, pois não travam bons combates, aqueles que mencionei antes, olho no olho) que surgem em nossos caminhos, saídos dos Pilares da Terra, mas que, a bem da verdade, poderiam protagonizar outro filme, chamado Chafurdados da Lama, tamanha a ignorância de si e de seus processos.

Daí, sim, terei esperança numa mudança vetorial em termos de relações: quando o masculino SE ASSUMIR despótico em relação a um jogo de valores que, segundo Gergen, define o que é o fato construído dentro de uma relação. No caso, o jogo a que me refiro diz respeito à insistência no modelo Eva-cuidadora-manipuladora, que acende o coração dos Lancelotes por aí que, na real, não aguentam a onda-Lilith, a mulher igual, emancipada e que, de maneira irônica, não iria fazer o joguinho, mas, antes, sacudiria e explicitaria a verdade para, construindo a dinâmica de mundo, repartir com os manés os louros de um mundo melhor.

Diante de toda essa especulação, minha amiga, querida, disse a certa altura: "é você que está mal situada, Alessandra, pois está andando com ovelhas, quando deveria andar com seus pares de clã" - prosseguindo - "você é um lobo e lobos andam com lobos, não com os carneiros". Passei a refletir bastante sobre isso, para perceber exata e pontualmente isso: talvez estivesse andando com uma ovelha completamente distante do meu clã originário e, com isso, andando fora da minha matilha, desarticulei-me de mim.

Ainda bem que existem uma proteção além de mim para, quando eu não der conta, tomar a decisão por mim...

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