quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Fàilte, 2011!

2010 acabou, selando os ciclos que se baseiam, ainda, na logística do calendário romano forjado à guisa de tanto condicionamento da Natureza. Não importa, o mundo, enfim, é muito mais do que as achatadas páginas de um mero numerário: é a celebração da Lua, do Sol, dos astros, da fauna, do ar, da terra, do fogo, do ar e do espírito!

Mas, mesmo que as lunações sigam ciclos diferentes do que a definição racional possa ousar supor demarcar, o momento, ainda assim, é de finalização de metas, cumprimento de finalidades e esboço de novos dias... Afinal, para o novo entrar, o que é antigo precisa ir embora...

Mesmo que meu ano novo comece apenas em maio, em Samhain, venho desejar a tod@s um maravilhoso final de giro da roda, vibrando por novas hordas de realizações para todas as pessoas que me são mais preciosas e caras.

Gostaria de agradecer imensamente a simples presença de tod@s em minha trajetória, compondo a feliz estrada do que, junt@s, realizamos até aqui.

Basta olhar para trás, por efêmeros segundos, para que possamos perceber a grande conexão existente entre cada um(a) de nós, que, de alguma peculiar maneira, dentro do meu coração, compõe a horda de nobres guerreiros e guerreiras de amorosidade ímpar, rumando, em consonância de alma, para os largos braços do Infinito. Um beijo no coração de cada um(a) de vocês, amad@s imortais!

O que desejo para tod@s? Ah, muito pouco...

Aliás, não desejo nada do que usualmente se deseja...

Não desejo dinheiro, pois ele nunca trouxe felicidade ao mundo nem colaborou para ela de maneira unívoca. Não é o dinheiro que move o mundo, é o amor, pois Dele e com ele o dinheiro, enfim, pode adquirir um sentido muito além da quimera de preenchimento dos vazios existenciais que assolam nossas almas...

Desejo, apenas, que extraiam com sabedoria, cada qual, seu maná, confiando sua sina a Quem provê, porque, na mágica do Universo (Shiva, Deus, Javeh, Deusa, Todo), a fé mantém acesos todos os canais com o sagrado, alimentando a alma com o que realmente é importante...

Desejo que compartilhem um pouco dele com quem não tem, sem a ingenuidade em discutir se moral ou religiosamente isso é bom ou mal... Transponham-se para o lugar de vida do outro pois, assim, poderão saber do acerto ou desacerto da verdadeira caritas.

Não desejo saúde porque ela, também, é resultado do amor. Uma alma que ama envia para cada célula a linguagem universal da felicidade. Um corpo em que habita um espírito preenchido disso não está fadado a perecer tão cedo em face das disfunções orgânicas.

Não desejo a sabedoria livresca a ninguém. Os livros trazem relatos, mas a vida pulsa no que realizamos, e não naquilo que lemos de um papel...Na verdade, acho que desejaria que lessem menos, para dar tempo de, enfim, amar mais...

Mas, se não desejo nada disso, o que, então, restaria para desejar a tod@s?

Desejo apenas que, em 2011 amemos mais, vibrando no descomprometido sentimento que traz o silêncio para dentro do peito e, com ele, a sensação de completude e paz internas inalcançáveis para a limitada razão que nos empacota todos os dias.

Desejo que amem e se entreguem, em cada dia, a cada dia, como se fosse o último dia de suas vidas, pois, de fato, na espiral do tempo que não se repete, a instantaneidade traz a lembrança do fenecimento, fazendo com que o que tenha passado em nossas vidas nada mais seja do que doce lembrança do que não mais se repetirá...

Desejo que vivam intensamente o amor que sentem, como se, em cada final do dia ele perecesse, despontando, no alvorecer, sempre renovado e seguro, de modo a extrair da existência um eterno fruto de sabedoria, ora doce, ora amargo, ora frio, ora distante. Não importa, porque é amor....

Desejo que amem o anônimo, por instantes, e, com isso, prolonguem suas existências na manutenção do invisível liame energético que alimenta o amor e com ele se confunde, pois, assim, elongam-se tempo, espaço e momento, como o propósito lúdico de contemplar a própria vida e deixar as horas escorrerem ao sopro da brisa e do vento.

Desejo que compreendam, no amor, as chegadas, e que possam sorrir, grat@s, diante das partidas, como se fossem, quem sabe, eternas, vindas, idas e vidas.

Ai, enfim, desejo que explodam no amor, como se haurissem o último veio de ar, sentindo, como se nada mais pudessem falar, ainda que sofram, eventual e silenciosamente, por conta dos atropelos que o medo impele às boas almas.

Desejo que, no amor, regressem às cinzas, saindo, a todo tempo, do etéreo, renovad@s, compondo, cada um(a), o eterno ritmo do vida-morte-vida. Desejo que olhem para trás o suficiente para vislumbrar o futuro incerto e de devenir inconstante, a bater, indócil, em cada renascimento.

Desejo, com isso, que possam apenas viver, sem muito conjecturar, pois a contemplação da abóboda celeste é mais plena quando nos calamos para os "e se" e "quando" que insistimos, com profundo e falso sentido de onisciência, em lançar na estrada da evitabilidade em nossas sinas.

Sim, desejo que vivam, um pouco, o mistério do que não controlam, pois, a vida, em si, escapa, o tempo inteiro, de nosso crivo.

Amor, amor, amor...com isso, penso, tudo vem plasmado no universo do que se apresenta com real...

Feliz 2011!


Sláinte!

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