domingo, 28 de novembro de 2010

Idas e vindas numa impermanência que sempre esteve aqui...

Sabe quando acordamos com tamanha sensação de plenitude e bem-aventurança que até o retorno de momentos e situações passam a ser vistas como a renovação do mundo dentro de nós?

Sim!

Enchemo-nos de júbilo, atravessamos as fronteiras de nossos nichos compactados de uma falsa sensação de segurança externa a tal ponto que achamos que tudo é diferente quando, consultando o vértice da impermanência, é nosso ego frágil a nos enviar novas lentes para que possa, mais uma vez, ludibriar nossa alma e se estabelecer como o monopólio de identidade e verdade.

Plenas, seguimos, firmes em nossas resoluções compassivas, olhando para o outro como se fora um ser que, de fato, nunca será porque simplesmente o que é é, sem que predicativos sejam necessários - predicativos são nossas experiências, alegrias e dores, a coroar a maneira como insistimos em "ler" o outro, quase sempre, de uma maneira que ele - ou ela - nunca será. Porque não é. Não são. Estão.

Somos nós.

Estamos nós, isso, sim, é o deslinde de impemanência que se propaga, como água pura, a nos dizer que estamos mudando e, dentro dos maravilhosos idos de mudança, o ar avassalador desmonta os castelos construídos em bacias sedimentares.

A beleza da Natureza em sua veste de sabedoria reside na maneira como nos ensina, pelo simples deslinde de si, o motu de impermanência. Tudo soa impermamente nos elementos...

A água, que leva tudo que ao seu leito se dirige.

O fogo que modifica estruturalmente o que tangencia.

O ar que esparge tudo por onde quer que vá e...

... ainda assim, a terra, que, com sua aparente imobilidade, observa o devenir dos dias, vendo nascer e fenecer todo o ser que em sua lápide natural deita a cabeça...

Contemplar a impermanência é, pois, olhar a mim e me enxergar no outro, olhando para ele como se, a cada instante, renovasse seus votos de benesses e atropelos. Afinal, estamos nós, sós...

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