domingo, 19 de setembro de 2010

Entre ipês, labaredas e bem-aventuranças

Viajar sempre é maravilhoso... Contemplar cada momento de uma trilha, contudo, torna o trajeto repleto de surpresas, se nos permitirmos navegar nos mares desconhecidos para sair da zona de segurança (pero no mucho) que insistimos em agregar em couraças fortes.

A chegada da primavera no Planalto Central surpreende a cada dia.

Os ipês lançam flores dançantes, que se soltam ao som do vento acalentador, galgando espaços nunca antes percorridos nas térmicas da seca incomum que experimentamos esse ano.

Na Chapada, as labaredas de fogo nos lembram do poder de destruição são as mesmas que nos remetem ao poder divino de criação e transmutação que o elemento ígneo apresenta: levando tudo ao seu redor, o corredor de chamas de 5, 6 ou até 8 metros aponta para a capacidade - ali adiante - de recuperação do cerrado.

O que é forte permanece, enquanto o que é contingente se esvai em pleno ar.

O sentido de bem-aventurança nessa jornada de fogo segue a regra básica de uma Natureza que se apresenta em sua plenitude como sendo a expressão máxima da criação divina.

Os pássaros que, não tendo o cajuzinho do cerrado, alimentam-se das amoras fecundas de hormônios; os mamíferos, que fogem do fogo insistente; os seres humanos de luz, que nos abraçam e deixam perfume de sândalo em nossos corpos.

Tudo é bem-aventurança, nas jornadas que meu invólucro terrestre me permite experienciar...

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