terça-feira, 28 de setembro de 2010

Calar, a virtude da Terra



Terra, base, eixo de sustentação e suporte para todo o bioma que Nela se assenta.

Berço ancestral de muitas eras, espectadora assídua do devir dos mundos, num eterno ciclo de destruição e renascimento que, para esse plano dimensional, projeta-se para o Infinito em termos de continuidade. Estamos, com isso, fadadas ao perpétuo da impermanência, por mais paradoxal que seja...

O elemento Terra relaciona-se a uma deliciosa dimensão de estabilidade, fixação, estruturação, bem como solidez e, em estados mais profundos de arraigamento, de rigidez e comodismo na imutabilidade. Elemento de orientação dos signos de Touro, Virgem e Capricórnio, em cada qual manifesta um aspecto de seu multifacetamento. Em Touro, a necessidade do conforto. Em Virgem, o cuidado e cultivo da terra, como "cuidador" eterno. Em Capricórnio o sacrifício em prol do trabalho árduo...São muitos aspectos de um mesmo elemento...

Nosso vórtice de poder - para alguns, do chackra-raiz até o plexo - providencialmente nos conecta à Terra, assim como a planta de nossos pés. Não é à toa que são órgãos regidos por esse elemento, e, quase sempre, estão relacionados à nossa necessidade de aterramento, de conexão com o aqui e o agora, na harmonização da alma que deseja levantar voo com a experiência de estar no plano material.

É o elemento Terra que nos faz pensar em nossos dividendos, bem como na história da "formiga labutadora" que, enquanto a cigarra esbanja charme cantando, segue inflexível e completamente focada em seu propósito de guardar provimentos para o inverno superveniente.

Seara elemental dos gnonos, duendes e outros devas que habitam em suas entranhas, a Terra também se relaciona à riqueza, ao plantio e à colheita, já que dela extraímos frutos para nossa subsistência.

Os metais nobres são colhidos Dela.

O petróleo corta suas entranhas, como sangue valioso que deu impulso a tudo até agora em termos de tecnologia e "desenvolvimento" (desenvolvimento entre aspas porque, proporcionalmente ao "avanço" tecnológico, vimos o ser humano - nós - decaindo em meio à nossa ganância).

A Terra é a própria materialização do silêncio, em face da energia cinética presente dentro dela tender quase a zero, ao passo que a potencial expande-se ao infinito.

A virtude de calar realciona-se à Terra por conta do Vazio que está presente no silêncio, ocasião em que recebemos da Grande Mãe o preenchimento da alma, acessando estados mais sutis de formas-pensamento e, com isso, não necessitando muito mais dispender energia com palavras desnecessárias.

Quando estamos equilibradas nesse elemento, tudo flui em termos de relacionamento com o material. Nem lá, nem cá. Não temos medo do desconhecido "estado de privação", por sabermos que da Terra tudo brota e que, assim, Ela nos proverá, sempre, sempre.

Quando em desarmonia, olhamos para a geladeira, pensando sempre no que comprar "para enfrentar o fantasma da privação". Ou, ainda, empanturramo-nos de alimentos, enchendo nossos corpos de comida, que, não digerida, apenas comporá a "capa de gordura" de nosso invólucro.

Sim, a ansiedade está relacionada aos vórtices básicos. A necessidade de consumo e de "guardar para o dia de amanhã" (quando, a bem da verdade, nem amanhã temos, pois é especulação e arrogância pretender realmente achar que se sabe o tempo que Gaia nos dá) é típico de desencaixe do eixo com o elemento terra.

Toda compulsão relacionada ao estoque, a guardar, esconder, armazenar - como os gnomos - reflete o descompasso com nossa egrégora interior, trazendo o medo aos nosso eixos de poder.

Por isso cultivar o silêncio é marcar conexão com a Terra.

Não precisa muito. Basta ficar em silêncio consigo mesma. Já experimentou passar um dia inteiro em casa sem se "distrair" com a televisão ligada?

Ou, ainda, sem falar? Quando fazemos isso trazemos para nossa alma a quietude e, dentro disso, conectar-nos ao Todo não fica lá tão difícil. Calar é Terra...

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