segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Do alto de um grande vale


O Vale do Moinho...
Um lugar em que os elementos se encontram...
Desse pórtico eis que surge a tela em que a Pintora Universal deitou o pincel e caprichou, usando a Terra como paleta, a água como solvente, o ar como pincel e o fogo como inspiração. Do alto dessa labareda vemos o portal se abrir em um grande manto verde, ora esmeralda, ora ocre, dependendo da estação do ano em que visitamos esse musem a céu aberto.
Lá embaixo reside o etéreo.
Como pode o etéreo quedar embaixo? Simples, subvertendo, nós, mortais, a perspectiva com que olhamos o mundo. Basta transpor céu e terra para que o horizonte seja o solo sagrado e a Mãe, Gaia, a perpetuidade do que se dissolve no ar...
A vista não se cansa, a alma se regozija. Deleita-se ao som do Rio Bartolomeu, com suas águas cor de olho-de-tigre, moldando as pedras ao longo do trajeto, acomodando sílfides inquietas com a presença do humano, guardiães da sacralidade que se revela para quem se permite.
Ontem percebi porque gosto tanto de olho-de-tigre... Bastou colocar meu anel no rumo do horizonte em que se encontrava o leito do rio para observar que sempre procurei em meus dedos o que estava ali à minha frente...em minha alma! O rio e sua sabedoria lânguida em simplesmente correr...
Viagem? Sou uma viajante, não nego, andarilha dos espaços nas espirais de tempo sem linearidade. Eis-me uma verdadeira viajante, sem estação certa de deitar meus pés, porque meu caminho é por onde passo, o tempo inteiro.
Com ele crio meus mundos e sintetizo minhas verdades.
São minhas verdades, é bem verdade, mas peculiarmente plasmadas na compreensão de vaporosidade de impermenência que reside em cada pedaço de verdade que a Deusa colocou no mundo.
Que verdade? Que viagem? Que delírio? Talvez os dos "loucos" e das "loucas" que galgam estrelas! Afinal, quem não acredita no espaço qualquer viagem pode ser insana...
Quantas "viagens" serão necessárias para a transposição de modelos de invisibilidade?
Inúmeras, dependendo da limitação com que insistimos em "catalogar" pessoas, sensações, nós mesmas. De tanta culpa, culpamos um mundo que nos traz alegria. Mas, enfim, adeus aos catálogos...comecemos com aqueles que residem em nós, subvertamo-nos pois, a partir daí, eis que surge a felicidade como estado de bem-aventurança (mesmo diante da turbulência).
Mas, enfim, quanta FE LI CI DA DE um coração é capaz de reverberar?
O bastante para se lançar em vôos cada vez mais altos, para cenários como este, alcançáveis com a mente aquietada e o espírito em festa para a chegada das estações.

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