terça-feira, 27 de julho de 2010

A revoada de idéias nas asas intrépidas de um pardal itinerante

Perdida em meio a tanto concreto acadêmico de métodos, teorias e explicações enfadonhas sobre a simplicidade de uma vida contemplativa, meu dia foi ganho às 09h30min quando fomos subvertidos em sala de aula pela revoada intrépida de um pardal que insistia - E LUTAVA - por sua liberdade.

Voando em círculos, de um lado a outro da fria sala de aula, lembrou-me... de mim, claustrofobicamente compactada dentro das salas secretas de minha psique, tentando, sempre e sempre, encontrar a saída para o mundo de onde vim...

Enquanto batia suas asas, tumulto. Vozes se levantaram. Assovios pretendiam "domesticá-lo" para a pasmaceira de uma rotina de condicionamento. Em vão, ninguém luta contra a Natureza, contra a essência natural que move cada um de nós para o encontro com o divino.

Batalhas travadas com o pardalzinho.

Uns achavam que morreria de tanto bater as asas. Outros, que iria bater em alguma coluna.

Apostas foram feitas, sinas foram absurdamente traçadas. O pardal não tinha mais vida e vontade: era arremedo da potestade dos que se arvoraram no direito de decisão do destino da ave ligeira.

A solidariedade humana tripudiou da inteligência animal...

"Vamos buscar a chave das janelas para soltá-lo" - vociferaram alguns. O eco da liberdade cujo pendão ostentamos com orgulho encontrou, enfim, uma alma que se dispôs a incorporar o desiderato de "soltura" - hahaha. Habeas corpus para o pardal!

O tempo exato em que a colega buscava a chave foi momentum em que a ave inteligentíssima encontrou uma fresta e, com acuidade ímpar, galgou seu voo rumo ao céu absurdamente azul dessa cidade...

Quem sabe, então, essa chave sirva para que nos soltemos de nossas prisões, abrindo nossas janelas para as experiências libertadoras.

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