sexta-feira, 23 de julho de 2010

"O mundo está ao contrário e ninguém reparou..."

Talvez, quem sabe, devesse expor o nome do gerente, da socialite e da cadeia faraônica de fast food, tentando, em vão, coaptar almas para um boicote idílico que não passaria de um ou dois dias.

Ou talvez devesse escrever para um grande jornal, expondo a indignação de quem se sentiu solidária diante do sofrimento alheio. Talvez devesse ter saído de um eixo evolutivo e dado vazão ao estado mais animalesco residente em mim como humana que sou.

Talvez, talvez, talvez. São segundos que marcam o talvez - do plano ôntico da existência efêmera num mundo de idéias, e o "ser", lembrando, quase sempre, que são as escolhas, ao final, que trazem a marca de quem desejamos e optamos, ao final, ser...

Daí pensei...

Falar nomes, propalar ira apenas trazem holofotes.

Falar o nome da cadeia alimentar que serve comida de papelão e batata frita que não se desintegra nem no espaço seria contribuir com um marketing para o qual sequer fui contratada.

Falar o nome do gerente também não traria nada além do desemprego, em face da hierarquia bem estruturada em termos de responsabilização causal da "conduta espúria".
Num vasto mercado de CDC, PQP e outras siglas, o gerente ocupa apenas um locus na teia alimentar de tubarões que abocanham o mercado e determinam que o consumidor tem sempre razão, inclusive, razão de ser e em ser um completo idiota sem educação e respeito por outras pessoas.

Calo-me, assim, e deixo para a sensibilidade a elocubração a respeito da lanchonete a que me refiro. Afinal, numa Ilha da Fantasia, qualquer uma das lojas poderia ter sido o cenário desse momento de desolação humana rumo ao completo desrespeito a outro ser...


Além disso, falar o nome da socialite transformar-me-ia em mais uma colunista-alpinista-social-alternativista (algum -ista para marcar diferenças), fazendo o papel de empreendedora de "jabás" sociais, em dissonância ao que minha alma espera que meu corpo faça nessa encadernação de atitudes...

Mas a grande verdade da minha vida - no dia de hoje e na "minha vida do dia de hoje" - resume-se em ter ocupado um camarote de um espetáculo digno do envio de cristãos para os leões, num coliseu onde o escárnio e o desrespeito tomaram conta do teatro às custas da amorosidade.

"O mundo está ao contrário e ninguém reparou?" - revelando os vasos secos de flores que poderiam, mas não forma, plantadas porque as mãos estéreis não são hábeis a acarinhar sequer uma semente... "milhões de vasos sem nenhuma flor". Por que estamos nos transformando em vasos secos, enfim?

Até quando acharemos que o dinheiro na conta corrente é substrato de exercício de sodomia moral em face dos outros? Até quando insistiremos em repetir a mesma frase "eu pago e exijo, sabe com quem está falando?" Até quando a lógica da vassalagem ao vil metal se sobrepõe no respeito ao próximo? Ao bem querer e ao se importar com a afetividade alheia?

Até o momento em que, exaustos e exaustas diante de lutas internas contra os monstros que criamos para nossas vidas, chegamos à conclusão que precisamos amar mais, mudando, assim, o giro de nossas frequências...

Afinal... "amor, palavra que liberta, já dizia o Profeta", grande Gentileza!

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