segunda-feira, 12 de julho de 2010

O entardecer violáceo de Brasíla

O horizonte do cerrado em plena seca desponta sempre majestoso, brindando a humanidade desatenta com uma característica que paisagem alguma outra pode pretender ostentar: a tonalidade violácea acenando para o esvair do dia.

Ao mesmo tempo, ao fundo, em fulgurante vôo, atravessa galáxias de estrelas natimortas para abraçar os ipês com uma explosão infinita de cores, lembrando a todos do sono profundo contido em cada pequena morte de entardecer.

Superpostas em sutis camadas sem limites certos a compartimentar as diferenças ilusórias, lembram-nos das coexistências contidas nas matizes de diferença que compõem a vaga sensação de identidade...

Identidade ou Diferença?

Não importa mais, pois, uma a uma, as cores da paleta deste vasto céu de cerrado dão-se as mãos e bailam, numa ciranda de grande giro, confundindo-se umas com as outras em seu ávido desejo de se entregar! Quem sabe, pois, ao final, tudo não passa a ser um grande lilás onde as nuances nele se perdem para se encontrar, noutro momento, na morte de mais um dia.

O lavanda encontrando o rubro.

O lilás beijando o dourado.

O violeta tímido que inicia a dança cálida na própria aquarela, para se encontrar na profusão do vermelho sibilante que aquece sem pedir permissão.

As cores do céu em um dia lindo de entardecer se fundem e se esquecem, cada uma, de sua efemeridade identitária...

Somos todos um grande coração que pulsa, radiante, num grande lilas...

Um comentário:

  1. Cadê a foto para ilustrar esse texto?
    Tudo bem, ela não está aqui. Mas ela existe, e, se não existe, não há problema, pois é como se existisse!
    Eu li o texto e vi a cena, clara, brilhante e colorida, perfeita como sói acontecer em Brasília! Nítida como você a descreveu!!! E vi o porquê de eu amar tanto o chão onde vivo...

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