terça-feira, 13 de julho de 2010

Compromisso com a felicidade

Sonhos...

Todo mundo sonha e, em cada projeto pessoal, o interessante seria agregar um pouquinho da grande marca de ludicidade, para que a vida possa adquirir um colorido ímpar de "executoriedade" e se revelar producente e fecunda em termos de realizações.

Diante disso, já ouvi muita gente dizendo não ser possível a realização plúrima e integral do ser. Preciso, então, contentar-me com a mórbida idéia de "ser feliz por etapas e compartimentos estanques" de minha vida, pois, segundo consta no senso comum, a auto-completude é impossível. Feliz na profissão, infeliz na saúde, infeliz na profissão, feliz na afetividade, estruturas binárias de pouca inventividade que selam o destino da humanidade em meio a uma crise motivacional.

Felicidade aqui, infelicidade acolá. Sempre surgindo e desaparecendo, pela completa impossibilidade de se fazer onipresente em todos os departamentos da vida.

Em meio a essa análise combinatória de apenas duas vias - feliz/infeliz - parece que o viver adquiriu um determinismo lírico, a partir do qual somos todos e todas colocados em "quartos" sem janelas para o horizonte, reduzidos e reduzidas em pessoas sem muita opção de vida, a não ser escolhendo qual o destino fatal de nossas felicidades inexoráveis e excludentes. Felicidade excludente? Ué, infelicidade!

Surpresa! Existiria, então, assim, uma "felicidade por etapas"? Vinda de conta-gotas, com a materialização de apenas um, dentre tantos sonhos que trazemos?

Claro que não, pois felicidade é estado de completude em bem-aventurança, a calmaria existencial interna em meio ao turbilhão conjuntural da alteridade...É sonhar e realizar cada um dos anseios mais ocultos presentes em nossa ânsia de viver. É se lançar, sem medo, rumo a um caminho que teria tudo para ser o completo desconhecido, se não fosse o mais seguro dos caminhos em nossas existências: o caminho da alma, do coração.

É se auto-realizar, enfim, não da junção de partes e fragmentos externos, tal qual um quebra-cabeças onde encontrar a peça mais difícil torna o montador uma pessoa mais "competente". É, enfim, o maravilhoso clichê da "permissão" interna que vem da consulta ao coração que deseja simplesmente se lançar!

O que desejo verdadeiramente?

O afã do momento é o abandono da casca. Uma sensação de inadequação a uma rotina de vida que massacra, viola e denigre a alma, sucateando-a com conceitos e pré + conceitos sobre imutabilidades avassala o homem e a mulher pós-modernos...

Se escolho um caminho, TENHO QUE segui-lo até a última gota de sangue meu se esvair ou, talvez, transmutar para pó. Mesmo que a escolha do caminho, em si mesma, já cumpra essa missão ortodoxa de aniquilamento do espírito.

"Tenho que"? Tenho que trabalhar, tenho que estudar, tenho que isso, tenho que aquilo. Nada mais exprime o anseio incondicional da alma, mas, antes, um rigoroso sistema de autofagia, dentro do qual o sucesso social é a meta, mesmo diante da morte interna e do insucesso no encontro com nossas essências.

Isso quer dizer, em linhas gerais, que, eu poderia até me deprimir ou entristecer, mas preciso ganhar rios de dinheiro violentando-me num trabalho que detesto, porque, dali adiante, poderia "curtir a depressão" me divertindo em meio a Prozacs, marguerittas e tortillas em Cancun.

A partir do que? Da falsa sensação de certezas efêmeras de ciclos que artificialmente são imutados a nós. Somos chipados e chipadas com uma série de falsos clichês, apontando sempre um "chão", onde, na verdade, nada mais existe a não ser areia movediça.

Por que transformamos o chão em areia movediça? Por que sempre achamos que pisar no desconhecido é algo tão inseguro para a alma que desejamos concretar tudo à nossa volta? Afinal, na areia movediça, quanto mais nos movemos, mais afundamos. Quanto mais relaxamos e respiramos, seguros e seguras, mais para o alto nos direcionamos.

É um percurso de despojamento a bem-aventurança no caminho da felicidade. Despojamento de si, bem como despojamento de valores que não representam nada além de pura ilusão.

Nossa, a felicidade é tão mais simples!

É tão menos complexa! E tão paradoxalmente inalcançável quando nos programamos a seguir como gados a rotina de uma vida repetitiva, uma saga interna de acomodação. Sacudemo-nos, então, tirando o pó que insiste em povoar nossas almas. Escolhamos caminhos de felicidade e realização honestos e sinceros! Sejamos honestos e honestas, a cada dia, na frente do espelho, indagando: "qual é o caminho que desejo seguir"?

Essa pergunta marcará a diferença sempre que conseguirmos superar os monstros internos e apascentar os fantasmas, para, a partir de então, seguir na REALIZAÇÃO.

REALIZAÇÃO interna de harminização da alma, eis um segredo, dentre tantos, para se alcançar uma meta...A meta...A única meta que é viver. Ponto.

O que me realiza?

Do que gosto?

Estou feliz - verdadeiramente - feliz?

Primeiro passo...O segundo, por certo, é perseguir a resposta desse enigma. Difícil? Quem sabe? Mas edificante. O que se ganha, ao final, é a certeza de cumprir uma vida com a consciência da plenitude de haurir dela a essência. É o que vale.

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