sexta-feira, 23 de julho de 2010

Asas e anseios na imensidão


De que vale o sonho de voar se a asa outrora intrépida
não se lança aberta na imensidão do azul?
Se a viagem não se aproxima do Sol como última morada desconhecida
E se Ícaro desiste de se compreender?

De que vale?

De que vale desponta o horizonte plácido,
suspenso na roda do giro de nossas próprias vidas
Sustentado em devaneios que alcançam a alma como a única certeza...

De que vale?

De que vale o desejo de se lançar ao mar incauto
se o medo das ondas retira o último suspiro de coragem?
Se a doce presença da solidão verde-esmeralda do oceano
abraça e chama para o mergulho em si...

De que vale?

De que vale tanta coragem
se o vôo é solitário até o azul que pretende, um dia, fazer-se lilás?

De que vale?

De que vale rodopia Fernão, imerso nas brumas de seus desafios internos
bailando em melodiosas vestes
Mergulhando, ávido, rumo à sua sina?

De que vale?

De que vale vale o grande vale da vida que se esvai em si e se liberta para tantas outras vidas...
Eis o vale, o segredo, o vale lânguido da certeza de amar e se lançar
Rumo ao infinito preso em si na plenitude de tantas
possibilidades...

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