quarta-feira, 30 de junho de 2010

Os fantasmas se divertem!

Na cultura celta o Samhaim marca um dia especial em que os véus entre os mundos fenecem, deixando as fronteiras muito próximas, ao ponto que mortos e vivos se tocarem... Talvez seja um momento especial de transcurso de eras em que, na vida de cada pessoa, exista um Samhaim, deparando-se, um a um, com os fantasmas dos natáis passados, tal qual a fábula de Scrooge em Christmas Carol.

Os fantasmas, contudo, segundo Stephen King, longe de serem entidades sencientes e orgânicas, dotadas de autonomia e fala, são entes que habitam nosso imaginário e nossa mente. Para mim, são rescaldos internos de nossas projeções: medos, frustrações ou anseios diante de uma vida que se desenrola no atropelo de um desconhecido que nos é paradoxalmente sabido como realidade inevitável.

Morremos e, na ânsia da evitabilidade, pulsionamo-nos, ora para o retorno ao útero, ora para a predição do estalo da Grande Ceifadora. São, assim, sempre processos internos de movimentação de energia, consciência e vontade, que modelam nossos fantasmas e, por afinidade quântica vibracional, campos eletromagnéticos interagem. Os fantasmas, então, surgem em nossas vidas por meio das "sessões mediúnicas" que nós mesmos e mesmas fazemos questão de realizar boa parte do tempo.

Pessoas "aparecem" e "desaparecem" como uma fagulha em nossas vidas e nos perguntamos: "nossa, como essa pessoa veio 'do nada' para minha vida nesse momento?". Indagação ingênua em seus propósitos, porque, no fundo (ou, na medida de conscientização, no "raso"), sabemos que ela está ali por uma confluência de nossas demandas emocionais mais profundas, as mazelas existenciais que empurramos para o quarto de despejo.

Vieram porque nos chamamos reciprocamente na junção idiossincrática de nossos egos e nossas almas reverberando pulsações energéticas. Simples... Claro. E voltarão sempre que insistirmos em lançá-las na masmorra gelada de nossa psiquê, cingindo-as com a "Marca Escarlate" de pessoa espúria que não merece atenção. Elas morrem, ali, jazendo na escuridão da nossa mente, para, depoiis, ressurgirem com força...

Pessoas voltam, então, como fantasmas e monstros, apenas por representarem essa tela em que lançamos nossas intempéries. Elas não são boas, más, apenas são. O predicativo do sujeito com que as valoramos é que as qualifica na dicotomia de acordo com o impacto de identidade que os "fantasminhas-camaradas" guardam em face de nossas estruturas arquetípicas guardadas a sete-chaves.

Ultimamente minha vida tem sido brindada por muitos desses "fantasmas e monstros", todas nomenclaturas derivadas de profundas marcas e dores. Acredito, porém, que, ao invés de convocar um exorcista, uma roda, uma mesa radiônica e outras medidas ghostbusters (que extirpam no meio, mas mantém incólume a fonte geradora do rótulo: EU), melhor tentar dialogar com essa médium de atração, para ouvi-la em seus lamentos, suas súplicas e demandas.

Só trazendo o fantasma para incorporar a alma é possível compor a seara de luz e sombra, integralizando opostos e superando dualidades...

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