sábado, 5 de junho de 2010

A importância do autoconhecimento

Estou passando minha vida a limpo durante todo o final e semana e isso quer dizer abrir, um por por, os diários em que registrei minhas experiências, dos 10 anos até hoje, podendo observar, numa auto-análise, o quanto integro a grande gama de pessoas que se escoimam na previsibilidade da reprodução de padrões em sua vida.

A marca mais colossal contida em boa parte das páginas diz respeito à grande perseguição pela aceitação, quase a fórceps, da figura do meu pai, pois minha infância toda, em relação a ele, resumiu-se em temor reverencial, admiração quase cega e, claro, sentimento de abandono.

O mais impressionante, porém, é mascarar minha busca interna com os mitos do amro universal, entregando-me a mim mesma, num carroussel de emoções que, por sua vez, quase sempre estão relacionadas à figura masculina que paradoxalmente rejeito - em termos de valores anatagônicos aos meus - e, ao mesmo tempo, amo descomunal e obssessivamente.

O grande relato da minha vida é, pois, o colorido de pessoas que vieram porque simplesmente não me desvencilho de uma roupagem matrix e, quase sempre, escolho em meus parceiros meus pais, para, sendo minha mãe, repetir a história, mas, desta vez, tentar o desfecho distinto, ou seja, não ser massacrada.

Muito simles... Existe amor? Sim, claro, existe sentimento, não nego, mas, com ele, vem o vale-brinde da máscara, o vernil que, por trás da fachada de "amor" incondicional (mentira, nada tem de incondicional), apontam para a relação incestuoso entre mim e "meus pais", os vários pais nos quais meu pai se diluiu. É preciso acontecerem "alças temporais" para que a sensação edipiana retorne e, com ela, a máscara caia e eu possa, com o tempo, juntar os pedaços do quebra-cabeças que a fragmentação da minha alma consiguiu, como clímax, atingir.

Se ontem me encontrava em pleno "choque", hoje a clareza vem ao alcance: somos muito mais reprodutores de valores do que supomos e, ainda, insistimos em achar que o que nos move é o alcance da bem-aventurança em termos de emotividade. Longe disso, o inconsciente, para quem a memória é um continuum a-temporal, é nossa força motriz, dentro das grandes pulsões que nos impelem para a eterna briga, dentro de nós, com nossos fantasmas internos relegados ao quarto escuro de nossa psiquê.

Complexo de Édipo que nunca se vence, ódio e amor, competição e destruição. Não há nada de vergonhoso em reconhecer que pouco conheço de mim. Mas, com uma benção do Universo, penso, da mesma maneira que entro nas roubadas de reprodução dos padrões de minha vida, exsurjo, de alguma maneira, como fênix, com força para a próxima bem-aventurança.

Agora, penso, é necessário colocar minhas tantas páginas de diários em que suplico o amor do pai nos relacionamentos que lembram meu pai no foco de direcionamento da mudança de perspectiva de como, doravante, lerei meu pai e minha mãe. Meu mundo - eles - está desmoronando, em saudável crise de quebra das lentes com as quais eu via - e negava - as escolhas que não foram feitas por mim, pois, afinal, meus "pais", quase sempre, escolheram-me para as relações incestuosas.

Devo, agora, escolher e, por isso, meu posicionamento deverá sempre se voltar à quebra desses grilhões que me sufocam. Não quero me relacionar com "meus pais", não quero me relacionar com "minhas mães", pois não quero ser, em mim, nenum deles brigando por espaços da minha alma. Por outro lado, não serei Jocasta de ninguém. Não serei a nutridora em quem os filhos buscam alento.

Hey, ho!

2 comentários:

  1. é ale, a dureza da vida é isso aí... e para seres iluminados como você representam um crescimento fenomenal!

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  2. É o bate-volta de nossa insistência na luta contra nós mesmas...hehehehe

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