domingo, 11 de abril de 2010

O "Ser" Mulher e os perigos da essencialização num mundo de multiculturalismo

Não compartilho a idéia de generalização em relação às "expectativas, aos anseios e interesses" das mulheres - de nós, mulheres - diante de um construto tão plúrimo como é "mulher", encerrando possibilidades identitárias que não se esgotam no essencialismo do binário macho-fêmea, muito menos na tentativa de consolidação de um rol de atributos "feminilizantes".

Isso manteria - e não emanciparia - o duplo binário de estar, ser e parecer (ser compreendida como) amoldada a uma - e somente uma - das possibilidades que a identidade oferece. Dentro disso, penso, a literatura de gênero, as discussões queer etc., têm muito contribuído para o redimensionamento, na cotemporaneidade, dos papéis.

O que indago é se é razoável falar em uma essencialização do que "é ser mulher" e, dentro disso, entender ser também razoável arcar com a responsabilidade que isso gera, ou seja, de apartar do critério de definição (dual, cartesiano) possibilidades de identidades que se entendem inseridas numa dimensão de feminino, mas que, de acordo com a atribuição dicotômica, ficam discriminados.

Não estaríamos fazendo a mesma apartação - fragmentação etc. - que o patriarcado sempre fez?

Nenhum comentário:

Postar um comentário