terça-feira, 27 de abril de 2010

Misógino rehab: a mutação na contemporaneidade

Não adianta olhar o relacionamento mulher-homem dentro da ingenuidade do Romantismo do séc. XVIII com o anacronismo de um impossível o retorno - em plena contemporaneidade - ao mito do cavalheiro no cavalo branco, que saltita e coloca sua capa para a mocinha não pisar na poça. Não, não, o machista do século XXI adequou-se, tal qual as tartarugas em Galápagos assim também o fizeram, para acompanhar a mudança de ambiente.

Mesmo diante de tanta progapaganda emancipatória, tanta campanha de esclarecimento sobre gênero e relacionamento, parece existir um descompasso entre discurso, emoção e razão, onde, quase sempre, o plano discursivo (plasmado da transcendência racional) orna com palavras douradas o compromisso do misógino em se libertar de Si (olha só que britadeira essa), ao mesmo tempo em que reforça, em nível simbólico e subliminar, o machismo, já que de dentro do discurso brota, em ato falho, um meta-discurso a reforçar, na entrelinha, a misogina e o machismo.

O machista enrustido é tal qual uma pessoa dentro da Matrix...

Quando Mouse foi mostrar o programa para Neo, advertiu-o do perigo de qualquer um na Matrix se transformar em um agente. É a antológica cena da "Mulher de Vermelho" que, num piscar de olhos, transmuta-se num agente munido com uma baita pistola, pronto para dar um tipo na fuça do Neo (seduzido pelo confeito colocado aos seus pés).

Eis a tipologia (tacanha e caricata) do machista em rehab: aquele que, em tese, reconhece seus atos, suas condutas, diz que "não tinha intenção" e promete tomar cuidado dali para a frente, levando 5 minutos para fazer a mesma coisa de outrora. Uau, é o salto quântico na evolução do patriarcado!

Se, antes, o machismo vinha esteotipado na figura do bonchão, barrigudo, que coloca os pés em cima da mesa de centro no domingo, grita "Muié, minha breja", toma litros e litros enquanto arrota, peida e grita palavrão com os amigos, o protótipo do machista contemporâneo evoluiu. EVOLUÇÃO! SIM, claro, como medida de ajuste ao colapso quântico da emancipação da mulher. Dado salto na condição emancipatória da mulher, a antiga estrutura (patrarcado) acompanha, evoluindo para formas mais sutis de opressão.

O machista rehab é farto exemplo disso, porque atua no plano sutil, em nível simbólico, intercalando momentos de apoio e agregação à proposta feminista, atuando, nos bastidores de seus abscônditos quartos de despejo, com a fúria peculiar à misoginia.

Ele faz um passeio emocional, indo e voltando na inconsistência e incoerência discursivas, falando, num primeiro momento, que "não, não tenho intenção" e, logo a seguir, num passe de mágica, afirmando (quase sempre depois de descoberto, o que retira a liceidade de propósito) que errou.

Ele mente, manipula, oprime, mas com novo estilo: a máscara de uma sensibilidade búdica, com a qual convence as pessoas mais incautas, que se trata de um ser de outro planeta, tamanha a aura de bondade que o cerca. Ele até chora! Sim, claro, o reab chora lágrimas sem fim, sem, ao certo, se está chorando por culpa, raiva, planos vampirescos defraudados. Vai saber?

O misógino rehab é a comprovação da velocidade quântica de mutação, pois, para ele, sua auto-imagem é de um ser que, ILUMINADO e iluminando-se (claro, depois de findo o relacionamento), cai na real, em menos de 24 horas, adquire um colapso de onda evolutiva, cresce, toma outras atitudes e... PLIM-PLIM! Com a mesma mágica, volta para a trincheira da guerra privada de detonação da companheira.

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