sexta-feira, 23 de abril de 2010

A emancipação do Feminino no reconhecimento dos padrões misóginos


Uma das maneiras que encontrei para vivenciar o Feminino e o Sagrado manifestou-se na relação dialética de experimentação da sacralidade por meio de uma inconsciente negação do feminino, contemplando e reconhecendo, dentro de mim, a misoginia reproduzida durante séculos e séculos de dominação masculinista.

Afinal, somos maravilhosas Deusas nutridoras e guerreiras, e, justamente por isso, somos cingidas em carne, por marcantes e profundas feridas abertas pelo patriarcado devastador que insistimos alimentar em algum ponto longínquo da alma!

Esse é o primeiro susto: olhar para o exterior a partir da lambida de nossas feridas mais internas. O “mundo”, sozinho, não nos fere, a menos que tenhamos a afinidade reativa com a chaga externa. É simples questão de afinidade, atração, causa e efeito ou, ainda, de proximidade quântica!

Porém, é mais simples, fácil e indolor lançar no outro o peso de nossas dores, pois, quando fazemos isso, desviamos o foco das atenções e esquecemos, um pouco, do problema, ao invés de buscar as profundas marcas dentro de nós.

Afinal, ninguém gosta de sentir dor: sentir dor simplesmente... Dói. Por outro lado, importante nos (re)conhecermos como pólo que historicamente se vitimizou, porque essa revelação traz o compromisso de não mais nos posicionarmos como vulneráveis dentro de uma vivência, qualquer que seja o espaço, público ou privado.

Toda grande Deusa “misógina” possui, em algum momento, um referencial - masculino ou feminino - também misógino de onde retira o modelo a superar, numa contínua relação de amor e ódio.

Ausência paterna em momentos essenciais, presença castradora na repressão que pode beirar violência psíquica e física; figura forte e marcante da mãe que tudo faz pela prole: eis a receita para um futuro de encontros com espelhos misóginos.

Não tenho a menor vergonha de afirmar que o primeiro foco de atração da misoginia e do afastamento do sagrado reside em mim!

Torna-se, agora, mais fácil perceber a razão pela qual falei em afastar o Sagrado Feminino, para, depois, aproximar-me dele?

Então, bem-vindas ao reconhecimento! Recolher os flaps, lamber as feridas em sangue e tomar as rédeas da vida em nossas próprias mãos, só assim a luta contra a discriminação do patriarcado poderá proporcionar, no futuro, relações saudáveis entre mulheres e homens... Hey ho!

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